Pesquisar

Autor: Pâmella Dornas, Bióloga Alvorada CRBio: 134547/04-D

 

Foto: Pâmella Dornas – Alvorada Ambiental, todos os direitos reservados

 

A compactação do solo é uma realidade comum em áreas de revegetação, especialmente em solos argilosos, que são naturalmente mais propensos a formar torrões. Esses torrões são aglomerados de solo que se formam ao redor das raízes ou gerados durante a fase de implantação do empreendimento pelo maquinário, seu papel na hidrossemeadura levanta a questão: devemos mantê-los ou removê-los?

A Importância das Raízes na Estabilidade do Solo

O sistema radicular das plantas desempenha um papel crucial na manutenção da estrutura do solo. Quando uma planta cresce, suas raízes ajudam a criar agregados que, por sua vez, formam torrões. Esses torrões são essenciais para a estabilidade do solo, principalmente em áreas degradadas. Eles atuam como pequenos reservatórios de umidade e nutrientes, criando um microclima favorável que pode melhorar significativamente as taxas de germinação das sementes jateadas durante a hidrossemeadura.

Torrões: Benefícios para a Germinação e Crescimento das Plantas

Durante a hidrossemeadura, especialmente em áreas planas, a presença de torrões pode ser benéfica. Eles funcionam como pontos de ancoragem para sementes. Mais importante ainda, esses torrões criam micro-habitats que retêm umidade, oferecendo um ambiente mais estável e úmido para as sementes germinarem e se estabelecerem. Isso é particularmente útil em climas áridos ou durante períodos de seca, onde a retenção de umidade é crítica para o sucesso do plantio.

Torrões Formados por Raízes Mortas: Um Recurso Natural

Mesmo após a morte das plantas, as raízes e os torrões que elas formam continuam a desempenhar um papel vital na recuperação ambiental. As raízes mortas se decompõem lentamente, liberando nutrientes essenciais que enriquecem o solo. Além disso, esses restos orgânicos servem como substrato para microrganismos benéficos, como fungos micorrízicos e bactérias, essenciais para a ciclagem de nutrientes e a manutenção da fertilidade do solo.

Esses processos de decomposição e ciclagem de nutrientes são fundamentais para áreas degradadas, onde a recuperação da vegetação depende de um solo saudável. A preservação desses torrões durante a hidrossemeadura pode acelerar a recuperação do ecossistema, estabilizando o solo e promovendo o crescimento de novas plantas.

Conclusão: Manter ou Retirar?

A decisão de manter ou remover os torrões durante a hidrossemeadura deve ser baseada nas condições específicas do local e nos objetivos do projeto. Em áreas planas, onde não será feita a instalação de biomantas, ou onde a retenção de umidade e a estabilização do solo são prioritárias, manter os torrões pode ser a melhor escolha.

Por outro lado, em locais onde a uniformidade do solo é essencial, como em taludes de corte e aterro, onde a instalação de biomantas é crucial, é necessário remover ou quebrar os torrões. Isso garante um contato mais uniforme entre o solo, o composto orgânico, a cola e as sementes, promovendo um resultado mais eficaz na revegetação.